Tuesday, August 28, 2007

tempus fulgit


Hoje, o eterno presente, após um retiro de catequistas (21 mulheres + 1 homem), transpareceu que o Tempo se estilhaça. Voltei a reflectir em termos pessoais - sempre um risco – sobre a diferença entre intensidade e densidade. Faltou uma palavra sobre a «relatividade das profundezas». Fico incompleto. O amor é reconhecer-se incompleto. O pensamento em espiral não me permite uma oralidade fluente. Seguindo de perto Henri Boulad, S.J., cito «o» exemplo que me faltou sobre a tal da «relatividade primordial», porventura conhecido de alguns - Pedro José, 25-08-07.



“Temos a impressão de que os dois mil anos transcorridos desde o nascimento de Cristo é um tempo enorme. Na verdade, se considerarmos esse período na história total do universo, veremos que os dois mil anos equivalem a praticamente nada.
Para ter uma ideia, poderemos reduzir os treze bilhões de anos durante os quais o universo parece ter existido a um ano do calendário de 365 dias. Nessa proporção, a vida teria aparecido no início de outubro. Até então o universo era inerte: nada, exceto minerais, matéria pura. No início de outubro, em algum lugar, no fundo de um pântano, formaram-se as bactérias: esse foi o aparecimento da vida. Em 22 de dezembro, surgiram os vertebrados e o sistema nervoso. Em 29 de dezembro, por volta das quatro horas da tarde, apareceram os mamíferos, isto é, os animais que carregam os filhos na barriga, em vez de pôr ovos. E em 31 de dezembro, por volta das 9h20 da noite, surgiram os seres humanos! Faz apenas duas horas que os seres surgiram, em comparação com todos os períodos anteriores da história do universo. E em 31 de dezembro, às 11h59min e 55 segundos, Jesus nasceu. Assim, os dois mil anos entre Jesus e nós equivalem a não mais que apenas cinco segundos em uma história do universo que totaliza 365 dias. Portanto, quando nos dizem que Cristo anuncia o fim dos tempos, podemos entender isso em função do que acabo de dizer.



Tudo o que resumi aqui torna relativa ao extremo nossa concepção de tempo. E a Bíblia não nos diz que, diante de Deus, “mil anos são como um dia só” (2Ped 3,8)? É uma frase que já fora empregada nos Salmos (90,4)”[1].


FONTE: BOULAD, Henri, S.J., Deus e o mistério do tempo, Edições Loyola, São Paulo, 1992, pp.157 [Original: All is grace. God and the mistery of time, 1991. Tradução: Barbara Theoto Lambert].


[1] BOULAD, Henri, Deus e o mistério do tempo, pp. 17-18 [Obs. Negrito é da nossa responsabilidade].


Pedro José L. Correia

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