Gostaria que estas poucas palavras (sobre um assunto de que, vocês, meus confrades percebem muito mais e no qual têm muito mais experiência do que eu) espalhassem alguma escuridão em torno delas próprias. Escrevo-as na esperança que as iluminem com as vossas.
Refiro-me à oração. Palavra inestética, torpe, inerte, triste. «Orar» já me soa melhor. «Rezar» já soa a corruptela. De quê? Sei lá eu. São os afectos que as palavras inspiram. Quem as trabalha não gosta de as ver tão envelhecidas e fracas.
Mas, afectos à parte (o que é difícil, se não impossível, conseguir), o que é rezar?
Partilho com Espinosa a convicção de que o homem é essencialmente desejo. Ele diz mais: que a sua essência é desejo, ou seja, que o homem se define como desejo. Que Deus, ou a criação humana de Deus, venha no seguimento da necessidade de satisfazer esse desejo é quase uma inevitabilidade. Pode é não se chegar a chamá-lo pelo nome, ou dar-lhe outro nome. «Automóvel», por exemplo. «Carreira, família, felicidade, amor», são outros exemplos.
Rezar será, então, expressar o desejo. Endereçá-lo. Lançar a corda. Esperar que a acção da palavra (de socorro, de pedido, enfim, de desejo) tenha o seu efeito. A fé no poder mágico da palavra anda por aqui bem viva. Como na poesia, de resto. Ou na visita a um canceroso terminal que consegue sorrir graças à palavra do visitante. Os sofistas não eram tão maus como os pintam: eles também diziam que as palavras têm o poder de curar. Para além de terem o poder oposto. Não é por acaso que nas orações também há invejas, desejos de morte, infelicidade pela felicidade do outro... A despropósito, ou talvez não: Jesus era um belo sofista. Mas dos bons. Zinhos.
Mas, se rezar é expressar o desejo, desejamos o quê. Agostinho dizia que Deus. Mas já vimos que Deus é apenas um nome entre outros possíveis, uma forma (pretensamente englobante e unificadora) do desejo. Mas Agostinho diz mais: que o nosso coração anda inquieto. Ora, um coração inquieto é um coração anelante. Desejo é inquietude. Então, desejamos repouso, paz. O que lembra o «rest in peace». (Pôça, antes a inquietude!)
Claro que a paz que se pretende também pode ser a do equilíbrio: controlar o desejo, eis o subtil desígnio dos orantes mais inquietos. Há também os que não pretendem controlá-lo, mas exacerbá-lo. Rezar é então quase uma forma fascinada de conhecimento. O possível. Um tactear activo o futuro. Penso na figura da promessa (à Virgem, ao santo, ao santinho, a Deus, ao que for). O comércio com a entidade que pode dar o que se deseja é já da ordem do delírio (põe o orante fora de si); mas é um delírio eficaz: a carne sente que algo se está a passar já. A carne sente: logo é verdadeiro. Entenda-se verdade como interesse e interesse como a forma de nos sentirmos dentro do Ser, a-ser, em-movimento (inter-esse). Os sacrifícios (físicos ou económicos) são meios para a paz. As formas em carne viva do desejo. E o cumprimento dele, em grande medida. A medida da fé, ou da convicção, a medida da falha colmatada. Alcançar implica sacrifício, castigo, se necessário for. São homens de acção os que prometem a Deus. Ou à mulher que traem.
Mas rezar não pode ser outra coisa? Os místicos tinham interesse, ou o seu interesse era o Nada, a fusão no Todo? Os místicos são seres hiper-eróticos, basta lê-los. O corpo vinga-se sempre quando o queremos esquecer: e o corpo é a sede do desejo. Porque ser corpo é ser necessitado, frágil, à espera do equilíbrio homeostático.
Mas rezar pode ser louvar! Ora aí está um filão interessante. Louvar é vibrar, ser alegre; e ser alegre, outra vez Espinosa, é ser mais perfeito, estar mais completo, sentir a paz de se ser maior do que se esperava. E só se pode ser maior aberto, impuro, misturado com o que está fora, perdendo a identidade soberana do que pede. É uma paz pujante, esta, oposta à dos cemitérios, de que falava há pouco. Louva-se pouco neste mundo e quando se louva é, o mais das vezes, para polir sapatos ou vaidade alheia. É claro que isso traz as suas benesses por acréscimo. Mas louvar pode ser a vibração de ser frágil e portanto sensível à fragilidade do corpo-a-ser alheio. Um corpo rígido, encerrado na sua dureza, não vibra, não dança. É escusado levá-lo a um concerto de música, escusado expô-lo à influência dos sátiros. Louvar é dizer sim, é levar afecto e ser lugar de afecto, é levar o desejo a uma forma-outra, aceitação da metamorfose contínua, à forma da realização pelo ser. Do próprio e do próximo. É abençoar, bem querer, a si, ao outro. Desejar pode ser o movimento da mão para a posse, a rapina; ou, então, o movimento da mão para o cuidado no respeito pela liberdade. Mas a liberdade ou é investida (Levinas), comprometida no movimento constante da diferença, ou não é liberdade. A liberdade do libertino dá tesão, mas é uma liberdade de pedra cadente. Só é livre até ao chão. Ou pensa que é. O libertino não dança, estrebucha. E a dança é talvez a mais bela forma de louvor, de celebrar la joie de vivre.
Rezar enquanto louvor é estar nu e louvar a nudez alheia. Vibrar com a fragilidade sem desejar a destruição, levar de vencida, ou conquistar. É ver o outro à nossa imagem e semelhança (o que acontece sempre). Mas pela sintonia do desarme e da confiança. Que tem Deus a ver com isto? Nada. Ou tudo. Não conheço Deus. Só conheço homens, mulheres e crianças. E todos somos crianças no escuro.
Monday, September 03, 2007
Tuesday, August 28, 2007
diálogo de surdos !?
Um episódio sugestivo é contado por Edmond Jabés no seu livro Le Livre du dialogue, o qual tenho vivido e reproduzido, vezes sem conta, sem verdadeiramente poder evitá-lo. Partilho o incómodo do mesmo e para ser totalmente honesto, sei que tenho duplo desempenho a corrigir. Telhado de vidro só não tem, quem não tem casa. – Pedro José, 27-08-07.
“Um Jovem foi procurar o seu mestre e lhe disse:
- Posso falar contigo?
O mestre respondeu-lhe:
- Volta amanhã. Conversaremos.
No dia seguinte, apresentando-se novamente a ele, o jovem lhe disse:
- Posso falar contigo?
Como na véspera, o mestre respondeu:
- Volta amanhã. Conversaremos.
- Eu vim ontem – respondeu, decepcionado, o jovem – e te fiz a mesma pergunta. Não queres falar comigo?
- Desde ontem dialogamos – respondeu o mestre, sorrindo. – Será nossa culpa se os dois temos ouvidos ruins?”.
FONTE: JABÈS, Edmond, Le Livre du dialogue, Paris, Gallirmard, 1934. Citado por OUAKNIN, Marc-Alain, Biblioterapia, Edições Loyola, São Paulo, 1996, p.159.
“Um Jovem foi procurar o seu mestre e lhe disse:
- Posso falar contigo?
O mestre respondeu-lhe:
- Volta amanhã. Conversaremos.
No dia seguinte, apresentando-se novamente a ele, o jovem lhe disse:
- Posso falar contigo?
Como na véspera, o mestre respondeu:
- Volta amanhã. Conversaremos.
- Eu vim ontem – respondeu, decepcionado, o jovem – e te fiz a mesma pergunta. Não queres falar comigo?
- Desde ontem dialogamos – respondeu o mestre, sorrindo. – Será nossa culpa se os dois temos ouvidos ruins?”.
FONTE: JABÈS, Edmond, Le Livre du dialogue, Paris, Gallirmard, 1934. Citado por OUAKNIN, Marc-Alain, Biblioterapia, Edições Loyola, São Paulo, 1996, p.159.
tempus fulgit
Hoje, o eterno presente, após um retiro de catequistas (21 mulheres + 1 homem), transpareceu que o Tempo se estilhaça. Voltei a reflectir em termos pessoais - sempre um risco – sobre a diferença entre intensidade e densidade. Faltou uma palavra sobre a «relatividade das profundezas». Fico incompleto. O amor é reconhecer-se incompleto. O pensamento em espiral não me permite uma oralidade fluente. Seguindo de perto Henri Boulad, S.J., cito «o» exemplo que me faltou sobre a tal da «relatividade primordial», porventura conhecido de alguns - Pedro José, 25-08-07.
“Temos a impressão de que os dois mil anos transcorridos desde o nascimento de Cristo é um tempo enorme. Na verdade, se considerarmos esse período na história total do universo, veremos que os dois mil anos equivalem a praticamente nada.
Para ter uma ideia, poderemos reduzir os treze bilhões de anos durante os quais o universo parece ter existido a um ano do calendário de 365 dias. Nessa proporção, a vida teria aparecido no início de outubro. Até então o universo era inerte: nada, exceto minerais, matéria pura. No início de outubro, em algum lugar, no fundo de um pântano, formaram-se as bactérias: esse foi o aparecimento da vida. Em 22 de dezembro, surgiram os vertebrados e o sistema nervoso. Em 29 de dezembro, por volta das quatro horas da tarde, apareceram os mamíferos, isto é, os animais que carregam os filhos na barriga, em vez de pôr ovos. E em 31 de dezembro, por volta das 9h20 da noite, surgiram os seres humanos! Faz apenas duas horas que os seres surgiram, em comparação com todos os períodos anteriores da história do universo. E em 31 de dezembro, às 11h59min e 55 segundos, Jesus nasceu. Assim, os dois mil anos entre Jesus e nós equivalem a não mais que apenas cinco segundos em uma história do universo que totaliza 365 dias. Portanto, quando nos dizem que Cristo anuncia o fim dos tempos, podemos entender isso em função do que acabo de dizer.
Tudo o que resumi aqui torna relativa ao extremo nossa concepção de tempo. E a Bíblia não nos diz que, diante de Deus, “mil anos são como um dia só” (2Ped 3,8)? É uma frase que já fora empregada nos Salmos (90,4)”[1].
FONTE: BOULAD, Henri, S.J., Deus e o mistério do tempo, Edições Loyola, São Paulo, 1992, pp.157 [Original: All is grace. God and the mistery of time, 1991. Tradução: Barbara Theoto Lambert].
[1] BOULAD, Henri, Deus e o mistério do tempo, pp. 17-18 [Obs. Negrito é da nossa responsabilidade].
Pedro José L. Correia
Friday, August 24, 2007
Muito além do umbigo mora um "mestre".
Se o arrependimento fosse causa de morte, eu continuava vivo. É certo que me arrependo perante certos «Mestres», que não serão condenados pelo Evangelho, na medida em que apontam e fazem luz sobre o verdadeiro Mestre dos mestres: Jesus Cristo. É disto que sinto necessidade de escrever com a intuição do instante. A relação com esse «tipo» de mestre cristificado arrasta somente para Deus, vida abundante (cfr. Jo 14,6;12).Um pouco de memórias. Da adolescência, um emerge na minha mente, Pe. Arménio. O relacionamento foi reservado. Que pode um adolescente de 15 anos fazer diante duma Montanha Sagrada? Ficar em silêncio e esconder a vergonha. Pe. Arménio era um Pedagogo na Fé e na Cultura, isso permanece em mim. Depois vieram outros mestres, na categoria de professores (as), mas não vou escrever sobre isso. É um capítulo à parte. Mais tarde, ainda dentro dos padres, surgiu o Pe. Urbino, dele já escreveu, Carlos Reis, meu condiscípulo, de forma sublime (cfr.”O Pe. URBINO - DesmAMAR!” in http://a-tento.blogspot.com/ , acesso, 27-04-07). Está lá quase-tudo o que eu gostaria de ter escrito sobre o Pe. Urbino, e não fui capaz pela sua partida relâm-pago. Numa linha transversal surge a pessoa do bispo, António Marcelino. Com este Mestre omnipresente o aprendizado foi contínuo, e a distância só reforçou a dependência livre em relação ao seu modo de fazer a Igreja e a Evangelização. Já escrevi sobre isso, em Carta Aberta, neste jornal (CV, nº3770, 03-01-07, p.14). No passado-presente, fico por aqui, sendo injusto e ingrato, com mais três ou quatro nomes que a intimidade não permite revelar agora.No presente-presença, escrevo sobre o Pe. Neves, meu superior na Missão, duma forma sintética. E na síntese ele é, também, mestre, dupla ousadia. Alguns traços na minha perspectiva. Pe. Neves coloca «pressão nas pessoas» (bendito seja por isso!). O colocar pressão em tudo o que vive e sente e quer, origina divergências e convergências: morais, teológicas, pastorais (devíamos ter mais…), psicológicas e humanas. A «pressão» não é stress, é intensidade/densidade; mas a «pressão» pode levar a uma “vida stressada”. No meu relacionamento com ele, cabe a afirmativa de S. Teresa de Ávila: “Não quero ser santa. É tão difícil conviver com os santos!”. Não me compete julgar a santidade de ninguém. Pe. Neves é um profeta. Todos(as) os(as) santos(as) são profe-tas no seu ser e agir. Defende o amigo até à morte, dá o que tem por inteiro (de forma generosa); pode ser contrariado na forma, não no conteúdo. Dá espaço de criatividade, mas não tolera o questionamento da Autoridade (não escrevi Poder, todos sabem a diferença). Amigo de todas as horas, fica acordado, “podre de sono”, quando chego tarde das actividades pastorais, para abrir a porta e perguntar como foi (devia falar mais e não sou capaz por idiossincrasia). O seu humor é irónico, inoportuno, instigante, pontes excelentes em sintonia inter-pessoal comigo: sempre aceito o jogo. Tem na cabeça 10 projectos, dos quais 5 em execução imediata e simultânea. Quatro em estudo rápido, dois em processo de indecisão contínua e UM projecto em relacionamento directo com Deus, por meio do nosso Advogado, Espírito Santo, de que ninguém suspeita. Dez projectos que são doze; pois é, o desdobramento, nunca o entendo. Eu tenho ideias a mais, ele tem projectos a mais: só dá casamento com separação de bens. Eu não tenho a sua capacidade de trabalho e gestão (sobretudo esta), nem saúde (ele tem menos ainda) e vigor (ele tem em excesso). Será Workaholic ou Lovework ? É os dois! Com o Pe. Neves, o ferro malha-se enquanto está quente, e também, quando está frio. Debater com ele é um desafio e um desenvolvimento; não entra em “brigas” fúteis e inúteis, ao contrário do que a maioria “acha”; e sabe respeitar “o inimigo”, ao contrário do que muitos criticam. Partilhamos muitos livros, mas insuficientes leituras, acaba por ser (a)normal. Um dos meus trocadilhos favoritos é: “Pe. Neves, de férias, temos mais trabalho na Paróquia, mas também temos menos trabalho paroquial”, é um paradoxo bem lógico! Assim vivo o presente, com viagem marcada e paga. Sem pressas, sem lentidões! Agradecido Pe. Neves! Lavei um pouco a minha alma, nas suas palavras, e por isso experimento Paz e Alegria, frutos da Justiça. O processo terapêutico está em curso. “Blink”, é a decisão num piscar de olhos com Fé!
Correio do Vouga Pedro José 01/08/2007 17:49 4374 Caracteres
MANIFESTO DAS FAMÍLIAS - 2007
Ao terminar nossa caminhada que culmina uma semana de reflexão com reuniões, em todos os cantos de nossa cidade, queremos:
[a’] - Louvar a Deus pelo trabalho realizado e congratularmo-nos pelo esforço e dedicação de muitos casais, agentes da pastoral familiar.
[a’’] - Anunciar com satisfação um crescente interesse e uma mais consciente participação das famílias que acorreram em grande número aos encontros realizados no decorrer desta Semana Nacional da Família.
[a’’’] - Sentimos, no ambiente em geral, um despertar pela importância dos valores morais e uma grande preocupação pelo incentivo à bebedeira, e um aumento exagerado de máquinas de diversão que incentivam ao vício.
Mas queremos também denunciar situações graves faladas em nossas reuniões e que devem merecer a atenção de todos, mas sobretudo das pessoas que estão investidas em autoridade.
[1º] - Há, em nossa cidade, um ambiente festeiro em demasia e sem controle que aliena e desnorteia, sobretudo, a juventude, cria instabilidade nas famílias desmotivando os nossos filhos para tudo que exija um pouco de esforço.
[2º] - Desde o curso básico até à Universidade, passando pelos encontros de catequese, há um notório desinteresse por tudo e isto incentiva à procura de vícios compensatórios. Assusta a facilidade com que se pratica a prostituição infantil, a prática e a justificação da bebedeira que destrói famílias e arruína a saúde de muitos pais e jovens.
O lucro econômico e o aproveitamento oportunista de alguns não justifica o desmoronamento moral de tantos e a crescente problemática de nossas famílias que estão sofrendo em exagero.
[3º] - A libertinagem reinante destrói famílias e a insegurança criada com roubos e com assaltos (já à mão armada!), atemoriza os pais responsáveis, perverte a juventude e desmotiva o compromisso com a vida.
[4º] - Achamos exagerada a falta de autoridade pública na nossa cidade. Em fins de semana reina a desordem. Exigimos a presença das autoridades na cidade e a sua dedicação constante ao bem público.
[5º] - Falta Saúde no nosso Município. Não compreendemos como nossos estabelecimentos de saúde estão tão desprovidos de tudo.
[6º] - O trânsito está um caos. Morre-se demais em acidentes de trânsito entre nós. Exigimos mais ordem e respeito pela vida nas estradas. Há muitas famílias enlutadas pelo exagero de bebidas e pelo pouco respeito pela vida e pelas leis de trânsito.
[7º] -Assusta a facilidade com que se pratica o aborto e não parece justificável tanta demora na aplicação da lei aos delinqüentes nesta matéria.
FONTE: Manifesto proclamado no fim da Caminhada pela Família 2007, no dia 19 Agosto 2007, na Paróquia Nossa Senhora das Dores, por ocasião do encerramento da Semana Nacional da Família, na Diocese de Brejo, Nordeste V, Brasil.
Redactor Final: Pe. Manuel Neves, Assessor diocesano
responsável pela Família na Diocese de Brejo.
[a’] - Louvar a Deus pelo trabalho realizado e congratularmo-nos pelo esforço e dedicação de muitos casais, agentes da pastoral familiar.
[a’’] - Anunciar com satisfação um crescente interesse e uma mais consciente participação das famílias que acorreram em grande número aos encontros realizados no decorrer desta Semana Nacional da Família.
[a’’’] - Sentimos, no ambiente em geral, um despertar pela importância dos valores morais e uma grande preocupação pelo incentivo à bebedeira, e um aumento exagerado de máquinas de diversão que incentivam ao vício.
Mas queremos também denunciar situações graves faladas em nossas reuniões e que devem merecer a atenção de todos, mas sobretudo das pessoas que estão investidas em autoridade.
[1º] - Há, em nossa cidade, um ambiente festeiro em demasia e sem controle que aliena e desnorteia, sobretudo, a juventude, cria instabilidade nas famílias desmotivando os nossos filhos para tudo que exija um pouco de esforço.
[2º] - Desde o curso básico até à Universidade, passando pelos encontros de catequese, há um notório desinteresse por tudo e isto incentiva à procura de vícios compensatórios. Assusta a facilidade com que se pratica a prostituição infantil, a prática e a justificação da bebedeira que destrói famílias e arruína a saúde de muitos pais e jovens.
O lucro econômico e o aproveitamento oportunista de alguns não justifica o desmoronamento moral de tantos e a crescente problemática de nossas famílias que estão sofrendo em exagero.
[3º] - A libertinagem reinante destrói famílias e a insegurança criada com roubos e com assaltos (já à mão armada!), atemoriza os pais responsáveis, perverte a juventude e desmotiva o compromisso com a vida.
[4º] - Achamos exagerada a falta de autoridade pública na nossa cidade. Em fins de semana reina a desordem. Exigimos a presença das autoridades na cidade e a sua dedicação constante ao bem público.
[5º] - Falta Saúde no nosso Município. Não compreendemos como nossos estabelecimentos de saúde estão tão desprovidos de tudo.
[6º] - O trânsito está um caos. Morre-se demais em acidentes de trânsito entre nós. Exigimos mais ordem e respeito pela vida nas estradas. Há muitas famílias enlutadas pelo exagero de bebidas e pelo pouco respeito pela vida e pelas leis de trânsito.
[7º] -Assusta a facilidade com que se pratica o aborto e não parece justificável tanta demora na aplicação da lei aos delinqüentes nesta matéria.
FONTE: Manifesto proclamado no fim da Caminhada pela Família 2007, no dia 19 Agosto 2007, na Paróquia Nossa Senhora das Dores, por ocasião do encerramento da Semana Nacional da Família, na Diocese de Brejo, Nordeste V, Brasil.
Redactor Final: Pe. Manuel Neves, Assessor diocesano
responsável pela Família na Diocese de Brejo.
Monday, August 20, 2007
A vida modo de usar
Estás implicado: a obrigação do pronunciamento.
Tem dias em que a prática pastoral deixa-nos completamente arrasados, pode até transparecer como eufemismo burguês. Não o é. Aí, se não houver uma estrutura interior organizada e encantada, as solicitações desconexas e piedosas, em ritmo selvagem, satanizam qualquer projecto comunitário. Trabalhar com pessoas é o fim e o começo da estória.
Elogios ficam reduzidos a pó. Não adiante dizer parabéns pela coragem, que eu invejo. Invejo é o descanso; a despreocupação de quem não se mete na vida dos outros; quem passa o domingo, como treinador de bancada. Não adianta dizer parabéns pela simplicidade, que eu admiro. Admiro é as situações complexas, por que a vida é perigosa. Nesse perigo reside um percentual infinito de complexidade a decifrar, sem medo. Quem quiser morrer lentamente não abra a porta da casa para ninguém.
Contudo, vem os parabéns pelo conhecimento, que eu intuo. Oh maravilha de intuições! Moções do Espírito porque tardam! Para escândalo meu sou superficialmente intuitivo. Acerto ao acaso. Intuições não são roletas russas programadas com pólvora seca. Intuições sim, que dão lucidez para não perder tempo com banalidades. Vem junto os parabéns pela força, que eu sinto. Não o sinto, logo existo. Tão barbaramente imparcial, como o seu comparsa: penso, logo desisto. Sentimento, insistência nobre que não nega o pensar, mas lhe dá cor, sangue e fé.
Estás implicado: a subversão do silêncio.
Autor: Pedro José, Chapadinha, 20-08-2007.
Caracteres (espaço incluídos): 1459.
Pedro José L. Correia
Friday, August 17, 2007
Mudança de texto de Aparecida revolta bispos
As comissões pastorais sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) protestaram contra a adulteração do documento da 5ª Conferência-Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe e pediram o restabelecimento do texto votado em maio pelos bispos do continente, em Aparecida. A reportagem é de José Maria Mayrink e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 17-08-2007.
As mais de 200 mudanças no Documento de Aparecida foram feitas pelo cardeal chileno Francisco Javier Errázuriz Ossa e pelo bispo argentino Andrés Stanovnik, respectivamente presidente e secretário-geral do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), antes de ser entregue ao papa Bento XVI.
“Consideramos que a alteração do texto foi um desrespeito aos participantes da Conferência de Aparecida e, por isso, estamos enviando uma carta ao secretário-geral da CNBB, D. Dimas Lara Barbosa, sugerindo que na tradução portuguesa seja publicada a versão original”, disse o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, D. Pedro Luiz Stringhini.
A questão será discutida na próxima semana, em Brasília, durante reunião do Conselho Episcopal Pastoral, constituído pela presidência da CNBB e pelos presidentes das Comissões Episcopais Pastorais. Os bispos que defendem o restabelecimento do texto original argumentam que, ao aprová-lo, o papa Bento XVI não sabia que ele havia sido alterado.
“Lamentamos principalmente as mudanças, com cortes e acréscimos, nos artigos referentes às Comunidades Eclesiais de Base (Cebs), apresentadas no texto original como mananciais de fraternidade e de justiça”, afirmou D. Pedro Luiz. Segundo o bispo, os participantes da reunião das Pastorais Sociais manifestaram sua insatisfação com a “edição” do documento.
O bispo de Jales (SP), D. Luiz Demétrio Valentini, membro da Comissão para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, também está revoltado com as mudanças, mas propõe que os bispos procurem superar o incidente se não conseguirem a reposição do texto original.
“A interferência do Celam foi um equívoco que não poderia ter ocorrido, mas acho que Aparecida vale mais pelo contexto e, por isso, temos de assimilar o baque para não perder o clima positivo que a conferência trouxe”, argumenta D. Demétrio. “Embora se tenha mexido no texto, as Cebs continuam presentes no documento”, acrescenta.
O Documento de Aparecida, foi entregue a Bento XVI no dia 11 de junho pelos cardeais Errázuriz, Giovanni Battista Re e Geraldo Majella Agnelo, presidentes da 5ª Conferência-Geral.
D. Geraldo, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, disse que não sabia que o texto havia sido mudado e pede o restabelecimento da versão original.
FONTE:http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=8980, acesso: 17/08/2007
Pedro José_Chapadinha_Brasil
Tuesday, August 14, 2007
Orai Caríssimos Irmãos!...
“Nadja”
leituras de André Breton
André Breton (1896-1966) escreveu um romance fabuloso, que só recentemente tive oportunidade de ler, por completo, e agora transcrevo e partilho, para quem desconhece, o primeiro parágrafo e a última frase do romance em causa, “Nadja”. Nestes dois excertos, minha eleição na base de uma dica «exegético-literária» de Italo Calvino, todo o romance se (des)constrói. A ler com urgência: eu «acho»! Estou a vivê-lo nas entrelinhas, nos benefícios e nos perigos…
PRIMEIRO PARÁGRAFO: “Quem sou? Se excepcionalmente recorresse a um adágio, tudo poderia realmente resumir-se em saber “com quem ando?” Devo confessar que essa expressão me perturba um pouco, pois tende a estabelecer entre mim e certas pessoas relações mais singulares, menos evitáveis, mais perturbadoras do que poderia imaginar. Diz muito mais do que intenta dizer, faz-me desempenhar em vida o papel de um fantasma, alude evidentemente ao que eu deveria deixar de ser, para ser quem na verdade sou. Tomando-a de forma um tanto abusiva nesta acepção, dá-me a entender que tudo quanto considero manifestações objetivas de minha existência, manifestações mais ou menos deliberadas, não passa, nos limites desta vida, de uma atividade cujo verdadeiro campo permanece para mim inteiramente desconhecido. A representação que tenho do “fantasma” e daquilo que ele representa de convencional, não apenas em seu aspecto mas ainda em sua cega submissão a certas contingências de tempo e de lugar, vale, antes de mais nada, para mim, como imagem finita de um tormento que pode ser eterno. É possível que minha vida não passe de uma imagem desse tipo, e que esteja condenado a voltar sobre meus passos pensando ao contrário que avanço, tentando conhecer o que na verdade devia reconhecer, a apreender uma fraca parcela do quanto esqueci. Essa visão a meu respeito só me parece falsa na medida em que me precede em relação a mim mesmo, situando arbitrariamente num plano de anterioridade uma figura definida do meu pensamento que não tem motivo algum de se comprometer com o tempo, e implicando concomitantemente uma ideia de perda irreparável, de penitência ou queda, cuja falta de uma fundamento moral não poderia, no meu entender, admitir qualquer tipo de discussão. O importante é que as atitudes particulares que descubro lentamente em mim não me distraem em nada da busca de uma atitude geral, que me seria própria e não concedida a mim. Além de toda a espécie de faculdades que reconheço em mim, de afinidades que sinto, de atrações que sofro, de acontecimentos que me atingem e atingem somente a mim, além da quantidade de movimentos que me vejo fazer, de emoções que somente eu experimento, esforço-me, em relação aos outros homens, por saber em que consiste, ou pelo menos de que depende essa minha diferenciação. Não será na medida exata em que adquira consciência dessa diferenciação que poderei ficar sabendo o que entre todos os demais vim fazer neste mundo e qual a mensagem ímpar de que sou portador a ponto de somente eu poder responder por seu destino?” (pp.11-13).
ÚLTIMA FRASE: “A beleza será CONVULSIVA ou não será beleza” (p.152).
FONTE: BRETON, André, Nadja, IMAGO Editora, Rio de Janeiro, 1999, pp. 152. Tradução: Ivo Barroso.
André Breton (1896-1966) escreveu um romance fabuloso, que só recentemente tive oportunidade de ler, por completo, e agora transcrevo e partilho, para quem desconhece, o primeiro parágrafo e a última frase do romance em causa, “Nadja”. Nestes dois excertos, minha eleição na base de uma dica «exegético-literária» de Italo Calvino, todo o romance se (des)constrói. A ler com urgência: eu «acho»! Estou a vivê-lo nas entrelinhas, nos benefícios e nos perigos…
PRIMEIRO PARÁGRAFO: “Quem sou? Se excepcionalmente recorresse a um adágio, tudo poderia realmente resumir-se em saber “com quem ando?” Devo confessar que essa expressão me perturba um pouco, pois tende a estabelecer entre mim e certas pessoas relações mais singulares, menos evitáveis, mais perturbadoras do que poderia imaginar. Diz muito mais do que intenta dizer, faz-me desempenhar em vida o papel de um fantasma, alude evidentemente ao que eu deveria deixar de ser, para ser quem na verdade sou. Tomando-a de forma um tanto abusiva nesta acepção, dá-me a entender que tudo quanto considero manifestações objetivas de minha existência, manifestações mais ou menos deliberadas, não passa, nos limites desta vida, de uma atividade cujo verdadeiro campo permanece para mim inteiramente desconhecido. A representação que tenho do “fantasma” e daquilo que ele representa de convencional, não apenas em seu aspecto mas ainda em sua cega submissão a certas contingências de tempo e de lugar, vale, antes de mais nada, para mim, como imagem finita de um tormento que pode ser eterno. É possível que minha vida não passe de uma imagem desse tipo, e que esteja condenado a voltar sobre meus passos pensando ao contrário que avanço, tentando conhecer o que na verdade devia reconhecer, a apreender uma fraca parcela do quanto esqueci. Essa visão a meu respeito só me parece falsa na medida em que me precede em relação a mim mesmo, situando arbitrariamente num plano de anterioridade uma figura definida do meu pensamento que não tem motivo algum de se comprometer com o tempo, e implicando concomitantemente uma ideia de perda irreparável, de penitência ou queda, cuja falta de uma fundamento moral não poderia, no meu entender, admitir qualquer tipo de discussão. O importante é que as atitudes particulares que descubro lentamente em mim não me distraem em nada da busca de uma atitude geral, que me seria própria e não concedida a mim. Além de toda a espécie de faculdades que reconheço em mim, de afinidades que sinto, de atrações que sofro, de acontecimentos que me atingem e atingem somente a mim, além da quantidade de movimentos que me vejo fazer, de emoções que somente eu experimento, esforço-me, em relação aos outros homens, por saber em que consiste, ou pelo menos de que depende essa minha diferenciação. Não será na medida exata em que adquira consciência dessa diferenciação que poderei ficar sabendo o que entre todos os demais vim fazer neste mundo e qual a mensagem ímpar de que sou portador a ponto de somente eu poder responder por seu destino?” (pp.11-13).
ÚLTIMA FRASE: “A beleza será CONVULSIVA ou não será beleza” (p.152).
FONTE: BRETON, André, Nadja, IMAGO Editora, Rio de Janeiro, 1999, pp. 152. Tradução: Ivo Barroso.
Pedro José Correia
Friday, August 10, 2007
Piscinar???? É pá o que é isso?
Alguém que chapina num local com muita água… doce ou salgada, … mas acima de tudo quer refrescar-se e sentir que, naquele momento, está de férias…
Não tem nada a ver com bichanar, cuscar, arfar, piscar, apreciar, olhar, tentar, refilar, e outros verbos que podíamos utilizar se estivéssemos mesmo numa piscina a reparar … em alguém!
Se não formos piscinar…. podemos sempre praiar ou quem sabe entornar, que aqui até encaixa muito bem e rima com os anteriores.
Para quem está de férias, (eu já piscinei um bocado) … boa continuação! Para quem já piscinou as que tinha, fica a esperança de para o ano melhorar a performance!...
Um abraço,
Carlos Reis
SOMOS O QUE VEMOS!?
Seguimos caminhos de perfeição que podemos sempre rodear. Este fenómeno de busca humana aprende-se com o facto de nunca estarmos satisfeitos connosco próprios. Se não estamos bem., … é porque alguma razão… e essa convêm descobrir qual é?
Andamos por assim dizer a olhar…! Reparamos em tudo e em todos, - muitas vezes é o sol o único opositor, que temos, no tecer de um comentário menos agradável – e pouco vemos. Quando vemos, falamos quando queremos, e nem sempre do que vemos, mas vemos o que se calhar não queremos e falamos. Se estamos bem connosco próprios todos estão bem…. Se estou naquele dia NÃO então é melhor não, - obrigado!
Esta atenção pelas pequenas coisas reflecte-se no facto de querermos apanhar sempre com os altos, na escada social. Muitas vezes a humildade é coisa que não compramos e por isso não temos a capacidade da razoabilidade ou tolerância, como lhe queiram chamar.
Somos seres apressados, atentos à procura da perfeição, quando muitas vezes aquilo que nos falta é dizermos a nós próprios que somos perfeitos e que por isso nos amamos como somos. Não é preciso dizê-lo uma vez…. Mas sim muitas vezes, pois a realização desse facto, nas nossas vidas, depende do grau de consciencialização com que encarnamos essa verdade!
Conseguimos?
Eu consigo!
Todos nós conseguimos!
Todos nós conseguimos!
E depois digam-me que Perfeita…. Perfeita é a Super-Bock….o Tanas!
Perfeito…. Perfeito…. Sou eu!... COM OU SEM ESPELHO!!!!
Obrigado!
Carlos Reis
Carlos Reis
Tuesday, August 07, 2007
Meus olhos cansados e fundos
Os olhos são o espelho da alma, dizem.
Não há cristianismo sem vida comunitária. Hoje é um dia sem nuvens, facto que merece a nossa ponderação. A vida comunitária tem imensas nuvens negras, que geram tempestades repentinas ou programáticas. Procurar na palavra da escritura um paliativo para o conflito comunitário será mais que duvidoso.
Não podemos confundir o tempero com o alimento em si. Os problemas nunca estão resolvidos na linha do que sempre falamos anteriormente. Nós não deveríamos ser problemas para ninguém. Problemas são pesos, não aumentes a cruz pesada da existência alheia. Não é ousadia nenhuma profetizar com unção: Deus providenciará! Quando tu és sepulcro caiado de branco, com o suor do teu irmão.
Alguém de excessiva importância pode sentenciar: “onde a vontade de Deus acontece, aí é o céu. A essência do céu é a unidade com a vontade de Deus, a unidade de vontade e de verdade. A terra torna-se “céu” se, e à medida que, a vontade de Deus nela acontece, e ela é simplesmente “terra”, o oposto do céu, se, e à medida que, se furta à vontade de Deus”. Eu não quero ser «gente importante»!?
Não aceites presentes envenenados. Podemos construir um (beleza trágica do indefinido!) Inferno para os Outros, na busca institucional de santificação. Alerta com os falsos projectos! Foge do Poder! Foge da instituição que te diz: «como já está designado». Perde o medo de não seres LIVRE!
A alma vê melhor na noite escura da vida, rezam.
Pedro José, Chapadinha
06-08-2007.
Monday, August 06, 2007
LEIS DE MURPHY REVISTAS E ACTUALIZADAS
1.- Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto a explicação do manual.
2.- Tudo leva mais tempo do que todo o tempo que você tem disponível.
3.- O modo mais rápido de se encontrar uma coisa é procurar outra.
4.- Você sempre encontra aquilo que não está procurando.
5.- Quando te ligam: ... Se você tem caneta, não tem papel. ... Se tiver papel, não tem caneta. ... Se tiver ambos, ninguém liga.
6.- Qualquer esforço para se agarrar um objeto em queda provocará mais destruição do que se deixássemos o objeto cair naturalmente.
7.- Se você consegue manter a cabeça enquanto em sua volta todos estão perdendo a deles, provavelmente você não entende a gravidade da situação.
8.-Só sabe a profundidade da poça quem cai nela.
9.-Especialista é aquele cara que sabe cada vez mais sobre cada vez menos.
10.- Superespecialista é aquele que sabe absolutamente tudo sobre absolutamente nada.
11.- Guia prático para a ciência moderna: ... Se mexer pertence à biologia. ... Se feder pertence à química. ... Se não funcionar pertence à física. ... Se ninguém entender é matemática. ... Se não fizer sentido é economia ou psicologia.
13.- Se o curso que você mais desejava fazer só tem 'n' vagas, pode ter certeza de que você será o aluno 'n' + 1 a tentar se matricular.
14.- Oitenta por cento do exame final da sua faculdade será baseado na única aula que você perdeu, baseada no único livro que você não leu.
15.- Cada professor parte do pressuposto de que você não tem mais o que fazer senão estudar a matéria dele.
16.- A citação mais valiosa para a sua redação será aquela que você não consegue lembrar o nome do autor.
17.- Se estiver escrito 'Tamanho único' é porque não serve em ninguém.
18.- Todo corpo mergulhado numa banheira faz tocar o telefone.
19.- A probabilidade de o pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é proporcional ao valor do carpete.
20.- O gato sempre cai em pé.
21.- Não adianta amarrar o pão com manteiga nas costas do gato e o jogar no carpete. Provavelmente o gato comerá o pão antes de cair... em pé.
22.- A fila ao lado sempre anda mais rápida.
23.- Existem dois tipos de esparadrapo: o que não gruda e o que não sai.
24.- Uma pessoa saudável é aquela que não foi suficientemente examinada.
25.- Toda partícula que voa sempre encontra um olho aberto.
26.- Por que será que números errados nunca estão ocupados?
27.- Na guerra, o inimigo ataca em duas ocasiões: quando ele está preparado, e quando você não está.
28.- O trabalho existe para preencher o tempo a ele destinado.
FONTE: http://www.cfaraujo.eng.br/murphy.html, acesso: 03-08-2007
FONTE: http://www.cfaraujo.eng.br/murphy.html, acesso: 03-08-2007
Pedro José L. Correia
Vamos ressuscitar: (des)considerações sobre poder (Contexto - Parte III)
Eu, sentindo-me mais pequeno entre os pequenos, gostava de terminar contando uma história[1] a todos os Poderosos desta Terra e a todas as Autoridades que encaminham para o Céu. História sobre a visão do exercício de Poder, melhor sobre o DESEJO de Poder, feito do fazer que não se faz. Essa história, “o rei e omeleta” ou “omeleta de amoras”, pertence a Walter Benjamim. É o meu «Contexto» dirigido a todos “Os Servos da Vinha do Senhor”, numa leitura desapaixonada.
“Era uma vez um rei que chamava a si os tesouros da Terra, mas apesar disso não se sentia feliz. Então, um dia, mandou chamar seu cozinheiro predilecto e disse-lhe: “Por muito tempo tens trabalhado para mim com fidelidade e tens-me servido à mesa as mais esplêndidas iguarias. Porém, desejo agora uma última prova do teu talento. Deves fazer-me uma omoleta de amoras igual àquela que saboreei há 50 anos, em minha mais tenra infância. Naquela época meu pai travava guerra contra seu perverso inimigo a oriente. Este acabou vencendo, e tivemos de fugir. E fugimos, pois, noite e dia, meu pai e eu, através de uma floresta escura, onde afinal acabamos por nos perder. Aí morava uma velhinha que amigavelmente convidou-nos a descansar, tendo ela própria, porém, ido ocupar-se do fogão. Não muito tempo depois estava à nossa frente a omeleta de amoras! Mal tinha levado à boca o primeiro bocado, senti-me maravilhosamente consolado, e uma nova esperança entrou no meu coração. Já era rei quando mais tarde mandei procurá-la, vasculhei todo o reino, não encontrei nem a velha nem qualquer outra pessoa que soubesse preparar a omeleta de amoras. Agora, quero que atendas este meu último desejo: faz-me aquela mesma omeleta de amoras! Se o cumprires, farei de ti meu genro e herdeiro de meu reino. Mas, se não me contentares, deverás morrer”. Então o cozinheiro disse: “Majestade, podeis chamar logo o carrasco. Conheço, é verdade, o segredo da omeleta de amoras e todos os seus ingredientes, desde o trivial agrião até o nobre tomilho. Sei empregar todos os condimentos. Sem dúvida, há também o verso mágico que se deve recitar ao bater os ovos, e sei que o batedor de madeira de buxo deve ser sempre girado num só sentido. Contudo, ó rei, terei de morrer! Minha omeleta não vos agradará ao paladar, jamais será igual àquela que vos veio pelas mãos da velhinha. Faltará o perigo da batalha e o seu picante sabor, a proximidade do pai na floresta desorientada, a emoção e a vigilância do fugitivo perdido. Não será omoleta comida com o sentido alerta do perseguido. Não terá o descanso no abrigo estranho e o calor do fogo amigo, a doçura da inesperada hospitalidade de uma velha. Não terá o sabor do presente incomum e do futuro incerto”. Assim falou o cozinheiro. O rei, porém, calou um momento e não muito depois consta haver dispensado dos serviços reais o cozinheiro, rico e carregado de presentes”[2].
Tentei escrever esta série de três artigos, para pessoas realmente «leigas», ou seja «irmãos», da minha condição. Ficam admirados quando digo que a condição de «irmão» é a única possível e útil na Igreja de Jesus. Nela se fundamenta todos os ministérios e carismas, desde o nosso baptismo. Não é um resumo grosseiro; é uma postura Anti-poder, que o Poder não quer aceitar. São “transitórias tradições” essas condições de: “religioso”; “clero”; “secular”; “consagrado”; e outras mais que possam aparecer, serão aparências e não essência. Raios de sol, mas não o Sol. Estes textos aproximativos e críticos são para purificar o Poder-instituição (onde estou incluído), para chegarmos ao Poder-serviço. São textos para o Amanhã, na certeza do meu compromisso Hoje. Nesta história profunda de Walter Benjamim, encontro o que não posso sintetizar no aprofundamento e na argumentação, sobre uma mudança de mentalidade e paradigma, que a maioria já diagnosticou sobre o Poder, mas só uma minoria tem a coragem de levar até ao fim no tratamento. Que não padeçamos de muitas ideias e pouca execução. Vamos juntos fazer a Ressurreição da Glória, Páscoa todos os dias, pois o Poder morreu na sexta-feira santa!
Pedro José, Chapadinha, 02-04-2007. Caracteres (espaço incluídos): 4133
[1] Outra possibilidade para além da história, que não foi a escolhida, era a indicação da leitura da “Carta Pastoral do Papa João, no começo do novo milénio, 1º de janeiro de 2001”, de HÄRING, Bernhard, É possível mudar: em defesa de uma nova forma de relacionamento na Igreja, Editora Santuário, Aparecida, 1994 [1993], pp.93-99.
[2] Cfr. A versão estabelecida a partir de duas traduções brasileiras: “O rei e a omelete” (in Folha de São Paulo, Folhetim 22-01-1984) e “Omelete de amoras” (in Rua de mão única), do conto de Walter BENJAMIN, que foi abreviado por mim, e se pode consultar na íntegra em: GONÇALVES F., José Moura, “Jean Laplanche: A omelete e o seio”, in Viver mente & cérebro – Memória e Psicanálise, nº6, Ediouro, São Paulo, s.d., pp.58-59.
Thursday, April 19, 2007
Vamos ressuscitar: (des)considerações sobre poder
Vamos ressuscitar: (des)considerações sobre poder
(Texto - Parte II)
[0.] Um leitor atento e bem informado do artigo anterior como Pretexto (Parte I), agora, diante deste Texto (Parte II) concluirá confirmando a máxima de que nada é pior do que a quase-verdade, ou a meia-verdade. Será mesmo assim? Daremos uma mão á hermenêutica? Ou ela a nós?
[1.] O Poder não deixa ninguém indiferente. Perante ele sempre se assume alguma posição. Muitos vivem para abocanhá-lo; outros, para combatê-lo, outros ainda (na Igreja e também fora), para se submeterem a ele, num carreirismo anti-evangélico. Mas a maioria convive, simplesmente, com ele, no reconhecimento ou na resignação, ou, o mais das vezes, na inconsciência e na passividade. Na prática, o mais comum talvez seja misturar as diferentes atitudes, ao sabor da situação. O Poder, hoje, não é tanto dominação quanto controle. Aparentemente, manipula mais do que reprime. Mas a Igreja faz diferente e faz a diferença. Por isso, queiramos ou não, vivemos todos debaixo do Poder projectado em normas, leis, estatutos, mandamentos, sabendo que, desobedecendo, virão multas, penalidades, castigos, reprovação, pecados, censura, repressão. Mão de ferro, em brasa. Onde houver Poder haverá hierarquia, literalmente sacralização – para o inferior – do poder superior e isso em qualquer situação ou condição [1]. Cabe perguntar, como se reproduzem as relações de Poder (na Igreja)?
[1.1.] O Poder não é um lugar, não é um status, não é um privilégio; é uma Relação [2]. Ou, mais precisamente, a correlação de forças que determina quem, num dado momento, detém o Poder. Qualquer esfera de Poder reveste quem o ocupa de uma Autoridade, uma identidade, que o faz sentir-se acima do comum dos mortais. É mais tentador que sexo e dinheiro. Por isso, o Poder, qualquer poder, só pode ser controlado por outro poder [3]. Na Igreja de Jesus Cristo, diz-se que o Poder é Serviço (relação de serviço, ministerial). Está muito por fazer, nesta realidade, que é quase TUDO. Vamos continuar a convertermo-nos ao Evangelho, “…o mais importante entre vós seja como o mais jovem, e quem manda seja como quem serve” (Lc 22, 26; cfr. Mt 20,26-28; cfr. Mc 10, 43-45).
[2.] No meu avesso, mais interior, digo o que sou por aquilo que leio e vivo. Essa normalidade é a minha anormalidade. Gosto, também, de apresentar-me como uma pessoa com dois interesses: conversar e ler. Mas perante tanto ABUSO, no exercício de Poder, apetece-me, existencialmente, partir das minhas vísceras… e, gritando, deixar escrito na areia da minha fragilidade: “Aqui eu faço o que bem entendo, levanto quando quero, trabalho quando quero, repouso, visto como e se quero, como quero, rezo como quero, vivo, morro como quero. Livre de horários, compromissos, promessas, perturbações do próximo, dos olhos, das broncas, de julgamentos que não sejam o de Deus e da minha consciência. Percebo o que perco, estou aqui não para uma aventura. Estou aqui para sentir-me livre. Saboreei o grande valor da liberdade e o degustei”[4]. Liberdade do peso do estranho, das convenções sociais, também das obrigações/opressões religiosas.
[2.2.] Se tenho de continuar (e vou continuar) a engolir “SAPOS” de Poder (aponto exemplos, não necessariamente por esta ordem: 1º Discriminação da Mulher, negando-lhe o acesso ao serviço-poder-ministério sacerdotal; 2º Pastoral dos recasados; que não passa de “rebuçados/pílulas” de infantilização, quando se nega o direito de comungar; 3º Gestão económica/financeira que se sustenta num “servilismo/funcionalismo” laboral, com indícios de “simonia reciclada”; 4º “Teologia de catecismo” (especialmente na Moral), fundada mais “nos mandamentos de Deus do que no Deus dos mandamentos”, que Jesus Cristo mostrou nos 4 Evangelhos, prova irrefutável do “pluralismo de facto e de iure”, na Tradição e na Teologia). Então, obrigado, mas eu mesmo, “os tempero e asso”, ao meu paladar.
Se tenho de perder para o “Inimigo”, junto-me e durmo com ele!? Vou miná-lo e subvertê-lo, por implosão não-violenta, mas real… desejo-o, poderosamente. Entretanto, ironizo: “-Reforma aos 45 anos, não mais, não menos!? Se compulsivamente não for antes…”
AUTOR: Este é o segundo artigo de uma série de três (I Pretexto; II Texto; III Contexto) que vou escrever sobre o tema do "poder” como uma contribuição para o debate “dentro” e “fora” da Igreja (suas relações). Pedro José, Chapadinha, 17-04-2007. Caracteres (espaço incluídos): 4069
[1] Cfr. VANNUCCHI, Aldo, Cultura Brasileira: O que é, como se faz, Universidade de Sorocaba-Edições Loyola, São Paulo, 32002, pp.63-64.
[2] Como leituras de aprofundamento indico duas pequenas/grandes obras, de dois teólogos que dispensam apresentações, e cujos títulos revelam a necessidade de renovação “já” em curso: HÄRING, Bernhard, É possível mudar: em defesa de uma nova forma de relacionamento na Igreja, Editora Santuário, Aparecida, 1994 [original 1993], pp.112; GONZÁLEZ FAUS, J. Ignacio, “Nenhum bispo imposto” (S. Celestino, papa): As eleições episcopais na história da Igreja, Ed. Paulus, 1996 [original 1992], pp.149.
[3] Cfr. BETTO, Frei, A Mosca Azul, Editora Rocco, Rio de Janeiro, 2006, pp. 89 e 156.
[4] NEGRI, Teodoro, Augusto, Eremita na Selva Amazónica - Diário, Editora Mundo e Missão, São Paulo, s.d., pp.76-77.
[0.] Um leitor atento e bem informado do artigo anterior como Pretexto (Parte I), agora, diante deste Texto (Parte II) concluirá confirmando a máxima de que nada é pior do que a quase-verdade, ou a meia-verdade. Será mesmo assim? Daremos uma mão á hermenêutica? Ou ela a nós?
[1.] O Poder não deixa ninguém indiferente. Perante ele sempre se assume alguma posição. Muitos vivem para abocanhá-lo; outros, para combatê-lo, outros ainda (na Igreja e também fora), para se submeterem a ele, num carreirismo anti-evangélico. Mas a maioria convive, simplesmente, com ele, no reconhecimento ou na resignação, ou, o mais das vezes, na inconsciência e na passividade. Na prática, o mais comum talvez seja misturar as diferentes atitudes, ao sabor da situação. O Poder, hoje, não é tanto dominação quanto controle. Aparentemente, manipula mais do que reprime. Mas a Igreja faz diferente e faz a diferença. Por isso, queiramos ou não, vivemos todos debaixo do Poder projectado em normas, leis, estatutos, mandamentos, sabendo que, desobedecendo, virão multas, penalidades, castigos, reprovação, pecados, censura, repressão. Mão de ferro, em brasa. Onde houver Poder haverá hierarquia, literalmente sacralização – para o inferior – do poder superior e isso em qualquer situação ou condição [1]. Cabe perguntar, como se reproduzem as relações de Poder (na Igreja)?
[1.1.] O Poder não é um lugar, não é um status, não é um privilégio; é uma Relação [2]. Ou, mais precisamente, a correlação de forças que determina quem, num dado momento, detém o Poder. Qualquer esfera de Poder reveste quem o ocupa de uma Autoridade, uma identidade, que o faz sentir-se acima do comum dos mortais. É mais tentador que sexo e dinheiro. Por isso, o Poder, qualquer poder, só pode ser controlado por outro poder [3]. Na Igreja de Jesus Cristo, diz-se que o Poder é Serviço (relação de serviço, ministerial). Está muito por fazer, nesta realidade, que é quase TUDO. Vamos continuar a convertermo-nos ao Evangelho, “…o mais importante entre vós seja como o mais jovem, e quem manda seja como quem serve” (Lc 22, 26; cfr. Mt 20,26-28; cfr. Mc 10, 43-45).
[2.] No meu avesso, mais interior, digo o que sou por aquilo que leio e vivo. Essa normalidade é a minha anormalidade. Gosto, também, de apresentar-me como uma pessoa com dois interesses: conversar e ler. Mas perante tanto ABUSO, no exercício de Poder, apetece-me, existencialmente, partir das minhas vísceras… e, gritando, deixar escrito na areia da minha fragilidade: “Aqui eu faço o que bem entendo, levanto quando quero, trabalho quando quero, repouso, visto como e se quero, como quero, rezo como quero, vivo, morro como quero. Livre de horários, compromissos, promessas, perturbações do próximo, dos olhos, das broncas, de julgamentos que não sejam o de Deus e da minha consciência. Percebo o que perco, estou aqui não para uma aventura. Estou aqui para sentir-me livre. Saboreei o grande valor da liberdade e o degustei”[4]. Liberdade do peso do estranho, das convenções sociais, também das obrigações/opressões religiosas.
[2.2.] Se tenho de continuar (e vou continuar) a engolir “SAPOS” de Poder (aponto exemplos, não necessariamente por esta ordem: 1º Discriminação da Mulher, negando-lhe o acesso ao serviço-poder-ministério sacerdotal; 2º Pastoral dos recasados; que não passa de “rebuçados/pílulas” de infantilização, quando se nega o direito de comungar; 3º Gestão económica/financeira que se sustenta num “servilismo/funcionalismo” laboral, com indícios de “simonia reciclada”; 4º “Teologia de catecismo” (especialmente na Moral), fundada mais “nos mandamentos de Deus do que no Deus dos mandamentos”, que Jesus Cristo mostrou nos 4 Evangelhos, prova irrefutável do “pluralismo de facto e de iure”, na Tradição e na Teologia). Então, obrigado, mas eu mesmo, “os tempero e asso”, ao meu paladar.
Se tenho de perder para o “Inimigo”, junto-me e durmo com ele!? Vou miná-lo e subvertê-lo, por implosão não-violenta, mas real… desejo-o, poderosamente. Entretanto, ironizo: “-Reforma aos 45 anos, não mais, não menos!? Se compulsivamente não for antes…”
AUTOR: Este é o segundo artigo de uma série de três (I Pretexto; II Texto; III Contexto) que vou escrever sobre o tema do "poder” como uma contribuição para o debate “dentro” e “fora” da Igreja (suas relações). Pedro José, Chapadinha, 17-04-2007. Caracteres (espaço incluídos): 4069
[1] Cfr. VANNUCCHI, Aldo, Cultura Brasileira: O que é, como se faz, Universidade de Sorocaba-Edições Loyola, São Paulo, 32002, pp.63-64.
[2] Como leituras de aprofundamento indico duas pequenas/grandes obras, de dois teólogos que dispensam apresentações, e cujos títulos revelam a necessidade de renovação “já” em curso: HÄRING, Bernhard, É possível mudar: em defesa de uma nova forma de relacionamento na Igreja, Editora Santuário, Aparecida, 1994 [original 1993], pp.112; GONZÁLEZ FAUS, J. Ignacio, “Nenhum bispo imposto” (S. Celestino, papa): As eleições episcopais na história da Igreja, Ed. Paulus, 1996 [original 1992], pp.149.
[3] Cfr. BETTO, Frei, A Mosca Azul, Editora Rocco, Rio de Janeiro, 2006, pp. 89 e 156.
[4] NEGRI, Teodoro, Augusto, Eremita na Selva Amazónica - Diário, Editora Mundo e Missão, São Paulo, s.d., pp.76-77.
Pedro José Lopes Correia
Subscribe to:
Posts (Atom)